vezenquando

Monday, June 16, 2008

Nuits sonores

Só escrevo porque não sei fazer música. Se eu soubesse, tudo seria mais fácil, e você seria um refrão simples e divertido. Eu faria uma canção com uma batida eletrônica toda sofisticada em meio a umas guitarras toscas e um baixo para falar da gente. Para dançar loucamente, para ser feliz, para ser um pouco superficial, mas nem tanto. E a letra seria em inglês, claro, e com sotaque britânico, porque sabe, existem coisas que só funcionam nessa língua. E haveria um verso em francês, tipo Ooh la la ou Bah non, tu fais quoi ce soir? blablabla. Porque aí eu lembraria para sempre do seu jeito rápido de falar, todo cheio de gírias, todo piá de 20 anos, todo responsável por agora sim eu descobri que francês é uma língua tão bonita. Esse tom grave, esse sorriso limpo, essa vontade de viver tudo-agora-ao-mesmo-tempo.

Aí quando as pessoas escutassem a canção elas poderiam ver vodka e suco de laranja de madrugada na beira do rio, com frio e cães de guarda nos espiando... um jeito bonito de fazer anéis de fumaça com o cigarro, uma olhar direto sob a franja castanha. E pela alternância dos maiores e menores ia aparecer alguma coisa como alguém vindo de longe para me levar para casa, um longo caminho rumo à. E depois viriam notas de risadas em silêncio, gritos abafados, sustos, descobertas, medo, lembranças de um sotaque estrangeiro forte quando alguém fala “mentira” bem devagar.

E para acabar não teria aquele plam! da bateria, assim, acabou terminou. Seria mais para inesperado apesar de previsto, a letra acaba junto com a música, meio... meio mistura de Hot Chip com Gossip, meio standing in the way of control. É... pensando bem, seria assim mesmo, gritado, fim de festa, intenso, cheiro de álcool e cigarro, restos de seda e vinho na sala. Sensação boa de conforto nesse mundo conhecido de gente jovem, apartamento pequeno, cama bagunçada, livros amassados, cartazes roubados, copos espalhados pela casa e adeus para nunca mais. Acordes de uma sensação esquisita quando o dia nasce. E uma agulha dizendo que é só isso, acabou, mas... enfim.

Então eu colocaria a música na faixa 8 do cd, aquelas que falam de amor, meio melosa, meio coisa de menina, mas, mesmo assim, gruda na cabeça porque é verdadeira e um pouco sentida. Para escutar nesses dias meio nublados quando tudo o que eu queria era um menino bonito que me faz rir. Et c’est fini.

2 Comments:

At 8:04 PM, Anonymous Anonymous said...

é a grande virtude dos compositores geniais. Não é à toa que Vinicius de Moraes casou 7, 8 vezes.

 
At 4:11 AM, Blogger Mari Carpanezzi said...

Gostei do final da música. Pra mim, seria uma música meio noise, estilo um Stereolab, assim, mas mais de menina. E mais britânico, porque, enfim, Stereolab soa mais que tudo francês, né?
Você tem vontade de gritas às vezes, Ritinha? Assim, quando o dia está bonito e você está sozinha e feliz num domingo cheio de gente e então, meu Deus, dá vontade de quebrar o mundo de repente, porque você está in love with none e tudo tudo tudo é tão legal?

 

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