vezenquando

Sunday, January 28, 2007

It's the end of the world...

Não, o melhor é não falares, não explicares coisa alguma. Tudo agora está suspenso. Nada aguenta mais nada. E sabe Deus o que é que desencadeia as catástrofes, o que é que derruba um castelo de cartas! Não se sabe... Umas vezes passa uma avalanche e não morre uma mosca... Outras vezes senta uma mosca e desaba uma cidade.

Mário Quintana

É bom não tocar no assunto, mas que as férias estão acabando, estão. Snif, snif.

Tuesday, January 16, 2007

Curitiba

Entre fotos, poemas, livros e a vida que deixei para trás quando saí de Curitiba, havia uma carta que fiz para não mandar. As palavras empoeiradas falavam de mim, da minha cidade. Como se eu pegasse na mão de alguém e lhe mostrasse esse lugar tão meu. Sete anos depois de escrita, a carta ainda define o que é para mim esse lugar: uma Curitiba que me faz sofrer um pouco... e ser tão feliz ao mesmo tempo.

"O que eu queria, na verdade, que você soubesse bem, é desse ventinho morno com cheiro de flor e canto de passarinhos que entra pela janela. Os acordes meio longínqüos de Pour Elise e vozes distantes de pessoas queridas. O que eu queria que você visse é esse começo de tarde, livro em cima da cama com as páginas embaralhadas pelo vento, lápis com ponta arredondada. E te mostrar o comecinho do caminho do bosque com aquela brisa fria, folhas de eucalipto vermelhas amarelas esverdeadas pelo chão, de vestido longo e calmo, tranqüilo. Um começo de céu tão real, tão perto, e aqueles bancos do lado esquerdo, dispostos em círculo, palco de coisas boas, como os piqueniques ou as aulas de inglês: pick up sticks. E olhares de inocência do que poderia ser. E continuar o caminho, vendo os pinheiros e ouvindo o vento nas árvores, o som mais característico desse tempo. E andar mais e deixar os pensamentos indo... indo... Depois, ver o Guaíra e te contar do tempo em que eu era bailarina, vestido de tule, luzes e escuridão. Na reitoria, as rampas longas levam a beijos roubados, tinta a óleo, choro azul e um mundo de possibilidades. Mas o que eu queria que você sentisse era essa calma e essa angústia de caminhar de olhos fechados ao som de You say goodbye, I say hello. E, mais que ver os lugares, Nunes Machado, Praça Osório ou Vicente Machado, queria que você entrasse neles, com o coração cheio. Essa sensação de não sentir o chão quando você vira a esquina atrás dos Correios e onde, às vezes, não dá para segurar as lágrimas. Ou a felicidade de."

Às vezes a vida é simplesmente um eterno retorno.