vezenquando

Monday, November 19, 2007

En pause

Faculdade francesa em greve, tudo bloqué contra a autonomia universitária, eu sem computador, com vontade de fazer milhões de coisas que não posso: por motivo de força maior, atualizações só quando voltar a ter internet, snif.

Thursday, November 08, 2007

Cadernos de viagem - Espanha

Ou de uma semana para se lembrar

Sol, praia, sorrisos, hola que tal, noites cheias, feito shopping em véspera de Natal. Metrô lotado de emborrachados de manhã. Mar de água azul, gelada e calma. A Espanha é linda. Pessoas felizes, homens muy guapos, olho no olho, surpresas agradáveis como brasileiros num albergue tosco em Barcelona, balada engraçada na segunda, amigos na terça, Madrid na quarta, um pouco de róqui, um pouco de sangria, um bairro gay no meio de uma longa caminhada noturna. Miró para ser feliz, Picasso para lembrar de coisas sérias, Velásquez para as meninas, Goya para as partes obscuras do ser, Gaudí para o étonnement da vez. O sujeito que tomou um ácido, foi prá praia e inventou uma igreja de areia pingada para nunca ser terminada. Um coro de sinos impressionante. Lindo lindo lindo.

Uma viagem de ônibus para pensar na vida, entre os morros azul-amarelados, campos longos, confissões e uma ótima companhia para caminhar, chorar, conversar, se entender e crescer. Lembranças de um lado claro, feliz, onde toca Teenage Fanclub, no matter what you do, it all returns to you, e as mãos se encontram e tudo fica mais fácil. Ansiedade um pouco antes, calma na hora e saudades ao virar as coisas. Sempre assim.

Tempo para pensar na vida, reconstruir certezas, descansar, cansar, resolver algumas dúvidas e inventar outras. Se decepcionar com a Praça dos Touros, porque um circo americano bem na frente?, amar um parque cheio de famílias felizes andando em barcos e assistindo ao teatro de marionetes. Ficar em fila prá tudo, descobrir o caldo catalão, as patatas bravas e o pão com alho e tomate. Se confundir com as ruas todas iguais, esquecer o francês, comprar postais para não mandar. Colocar os pés no mediterrâneo, guardar bastante sol para depois, pegar o teleférico errado e entender porque os europeus achavam que o mundo se acabava no mar. Mais filas intermináveis, andar muito por passeos e calles e prados e portas de alcalá e por centenas de quadros e dormir cansada, feliz.

No fim, achar boas as coisas mais simples, como calor do sol no fim da tarde, lojas que ficam abertas até mais tarde, um sorriso do garçon ao trazer a conta, uma cantada no meio da rua, um pedido de desculpas depois de um esbarrão, um sorvete de doce de leite no começo da noite, pílulas de chocolate contra los lunes, mensagens internacionais no celular.

E aí, um pulo na cidade mais linda do mundo, finalmente o Arco do Triunfo, olha lá a Torre Eiffel, 10 quilos nas costas para passear pela Champs Elysées e experimentar perfumes. O almoço mais chique do mundo na avenida mais chique do mundo e, para arrematar, aquele café na rive gauche.

Esse negócio de viajar é mesmo muito agradável.