vezenquando

Monday, February 26, 2007

Tango

"Por que tendré que amar y al fin partir?"
(Trenzas, de Armando Pontier e Homero Expósito)

Si, me gustan mucho los argentinos, los gritos de los bandoneóns, las letras de tango que hablan del amor porteño e los puntos de interrogación de punta cabeza en el princípio de las frases que yo no consigo escribir.

Cortesia da Orquestra Típica Fernandez Fierro que encheu meu domingo de música, vermelhos berrantes e alegria.

Monday, February 19, 2007

Carnaval

Ela entrou com embaraço, tentou sorrir, e perguntou tristemente - se eu a reconhecia?
O aspecto carnavalesco lhe vinha menos do frangalho de fantasia do que do seu ar de extrema penúria. Fez por parecer alegre. Mas o sorriso se lhe transmudou em ricto amargo. E os olhos ficaram baços, como duas poças de água suja...Então, para cortar o soluço que adivinhei subindo de sua garganta, puxei-a para ao pé de mim e, com doçura:
- Tu és a minha esperança de felicidade e cada dia que passa eu te quero mais, com perdida volúpia, com desesperação e angústia...


(Epígrafe - Manuel Bandeira)

.

Sabe quando é muito cedo, o asfalto ainda molhado de sereno e poucos fantasmas resistem ao sono? Mergulhados no silêncio, alguns carregam penas verdes-amarelas-azuis, pedaços de vida brilhante. Vestígios da noite anterior, infinita, escura, possível. Sabe quando você anda pela manhã clara e encontra pelo chão as purpurinas, confetes e cacos? Se houvesse mar, as ondas levariam promessas, juras, verdades, algumas garrafas, copos plásticos, gritos e sorrisos. E ainda assim você estaria procurando o sol, a calma, dois ou três senões da noite para esquecer. Sabe quando as manhãs de Carnaval te atraem tanto quanto as noites? Quando em vez de suor, samba, cerveja e ressaca, você encontra criaturas do dia e lhes sorri como seus iguais? `

É, esse Carnaval tá estranho...

Tuesday, February 13, 2007

Historinhas - cap. 1

Just a perfect day
drink sangria in the park
And then later when it gets dark
we go home

Just a perfect day
feed animals in the zoo
Then later a movie too
and then home


Oh, well, such a perfect day. Inesquecível, como costumar ser esses dias. Como aquele em que você contou de uma flor roubada entregue para a amiga de infância. Ou como a tarde em que ouvi maravilhada um samba do Cartola saindo de uma fita sua no meio de um trote da faculdade. Aí você falou de Kafka e algum jogo com copos de cerveja. E depois pediu desculpa por um beijo. Ou como a noite em Antonina quando me senti petrificada e contente de te ver tão feliz. Ou então o dia claro em que você saiu para buscar o que queria muito, muito longe, mas, antes, passou por mim, viu um filme sonolento, tomou mate na Augusta, dormiu na sala dos ventos uivantes e disse adeus com os olhos, depois da catraca do metrô. De outra vez, cozinhou demais o melhor macarrão com molho de tomate da minha vida. O tempo passou e você me ajudou, no meio da sua dor e dúvida, a ver que algumas pessoas simplesmente não valem à pena.

Aí, quando penso que tudo acabou, você oferece espumante doce e comida comprada enquanto desaba uma tempestade de raios. Mostra sua casa, suas fotos, suas músicas, seu sorriso limpo. E nesse momento, como nos outros, não sei o que fazer: menina que não consegue calcular a hora certa de ir embora. Medo do depois, quando fico assim, escutando esse acordeón e procurando o ponto final da história. Mas, antes que eu fique indecisa, você abre a janela bem rápido para que possamos rir em paz. You know, such a perfect day, I’m glad I spent it with you.

Em sua homenagem, tomei um chopp escuro no parque, li o livro emprestado, escutei o cd e engoli esas ausencias que llamamos recuerdos, y hay que remendar com palavras y con imágenes tanto hueco insaciable.

Thursday, February 08, 2007

Get back

Então voltei.
A ir ao cinema sozinha
A não querer sair da cama
A fazer comida para um
A dormir no ônibus
A não conseguir terminar um livro
A comprar cds (e escutá-los repetidas vezes)
E a não ter dinheiro
A não gostar de dormir sozinha, mas nem tanto para querer mudar a situação
A esperar milagres
A andar muito
A ter preguiça de encarar balada
A ficar de mau-humor
A ver minhas tardes acabarem rápido demais
A sentir falta de banda larga e canal a cabo
A esbarrar por acaso em conhecidos
E a temer alguns desses encontros
A sorrir quando vejo o sol se pôr do outro lado do Tietê
A gostar de São Paulo.

É, começou o ano.