vezenquando

Tuesday, June 29, 2010

Só hoje...

... eu queria sair da faculdade caminhando devagar, pegar o ônibus e ir parar em casa. Afastar o portão, receber a lambida-oi! do cachorro e a reclamação da minha mãe de que o arroz ainda não está pronto - antes do oi! dela. Então, eu veria meu pai saindo apressado para ir trabalhar, lavaria as folhas de alface na água gelada e sentaria à mesa com a minha mãe, que iria contar que o filho de uma conhecida fez alguma coisa muito inexplicável...

Então eu iria ficar com muito sono, colocaria o prato na pia e iria tirar uma soneca. Quinze minutos depois, o telefone iria tocar, é meu pai, perguntando se esqueceu mesmo a conta em cima da mesa. Aí, depois da soneca interrompida, vem o video show, e eu adoro o vídeo show, porque depois tem a sessão da tarde. E depois da sessão da tarde tem o café da tarde, com pão quentinho comprado na padaria, geléia, margarina e pão de queijo.

E então minha mãe iria ligar para as irmãs e desligaria o telefone cheia de novidades. E, meio irritada, eu interromperia minha leitura, de uma revista qualquer, e iria saber mais dos problemas lá do interior do Paraná. E aí, a noite caiu e nós já começamos a cortar legumes e colocar a mesa. Chegou a hora do jantar e meu pai despeja no prato muitas reclamações do trabalho. Mas damos risada e minha mãe manda uma mensagem para o meu irmão, que responde, e eles discutem por qualquer motivo e eu posso terminar de folhear a revista abandonada. E, nesse início de noite, posso escolher se vou ao cinema com o gatinho ou se fico em casa organizando minha coleção de músicas... E quando eu for dormir, estaria bem tranquila, sabendo que amanhã não há nenhum desafio, nada de ameaçador para enfrentar.

Só um dia. Dessa chatice toda com as pessoas que a gente ama e confia.

Monday, June 07, 2010

Ano de copa

Celos... pudo el amor ser distinto... Redes, trampa mortal en mi camino. Y en un café, un café de ciudad, me contaste otra vez tu destino...

Perdi um botão verde, ganhei um livro laranja. De sapatos novos, andei por ruas desconhecidas como se sempre estivesse por ali. Pisando no azul brilhante, por caminhos que já fiz. Conversando com pessoas novas, sorrindo por trás do batom vermelho, juntando palavras diferentes, dizendo as mesmas coisas. Toujours, siempre.
Cortando a música, uma dor de caco de vidro verde, te conheço tão bem, oh! você nem mudou de cor. O endereço é o mesmo, nome, sobrenome, olhar, bizarre love triangle. Me cerca nas ruas, no hall do prédio, no supermercado, nas mesas com sofás vermelhos, no bar, na pista, rodando em luzes piscantes. Nas mensagens que apitam no celular. E eu de preto. Luto para sempre. Caminhando, caminhando.
"A memória não se apaga, se ressignifica". Eu quero ressignificados de vestido novo, casaquinho listrado e sandália de fivelas. De certezas, por favor, qualquer uma delas. De um quadro branco da bienal de são paulo de 1967 com quadrados vermelhos que dançam quando você aperta os olhos. Quero poesia concreta, bairros em processo de verticalização pelas ladeiras onde a chuva vira cachoeira. Com o clichê dos sorrisos sinceros, aqueles eu deixei de reconhecer em algum lugar, em alguma calçada, em alguma final de copa do mundo.
Para ajudar, comprei cordões finos e dourados, onde passeiam cavalos alados, pombinhas brancas e um trevo de quatro folhas. E comecei a usar saias, muitas, com fileiras de botões, para que eu perca vários deles e ganhe muitas outras coisas no lugar.

Tuesday, June 01, 2010

Sabe, George, estar do outro não é tão legal...

If I needed someone to love
You're the one that I'd be thinking of
If I needed someone

If I had some more time to spend
Then I guess I'd be with you my friend
If I needed someone
Had you come some other day
Then it might not have been like this
But you see now I'm too much in love

Carve your number on my wall
And maybe you will get a call from me
If I needed someone
Ah, ah, ah, ah...