vezenquando

Sunday, August 30, 2009

Quem sou eu e por que escolhi jornalismo como profissão

Hoje de manhã eu fui trabalhar. Cedinho, sábado lindo de sol, luz filtrada pelas árvores, cheiro de folhas secas, fim de inverno. E aí eu peguei meu bloquinho, minha caneta e não me escondi atrás dele nem do nome do lugar onde eu estou trabalhando. Abri bem os olhos, conversei com pessoas, anotei aspas, entendi um pouco mais da vida, do mundo, das pessoas ao meu redor. Sorri e, quando vi, a tarde caiu. Então, epifania, plof!, no meio do céu azul. É que, para mim, trabalhar é igual estar apaixonada: só vale à pena quando eu aprendo e me torno uma pessoa melhor.

Acho que era isso que eu escrevia nas seleções de trainee quando me formei. Nunca passei. Pois é.

Thursday, August 13, 2009

Angeli em crise

De três em três anos as pessoas mudam. Segundo uma teoria toda minha.
Um pouco antes dos 25 anos deixei de ser louca por açúcar e fiquei doida por salgados. Troquei a paixão pelas calças para experimentar as mini-saias. Deixei a timidez para não ter medo de nada. Agora, um pouco antes dos 28, decidi que pimenta não é só uma coisa que arde, mas tem um gosto bem bom. Só quero usar saia que arraste no chão. E tô querendo investir em um Relacionamento Sério e Estável.
Senão for isso, é a crise dos 30 adiantada. Só pode.

Tuesday, August 04, 2009

Cadernos de viagem - França

Então eu fui buscar certezas. Procurar as lembranças, ver se elas eram reais ou apenas coisas mais ou menos adocicadas pela saudade. Tentar enxergar o lugar com exatidão e decidir. Mas aí, quando o avião desceu naquele aeroporto tão conhecido eu esqueci tudo. A língua estrangeira saiu primeiro aos engasgos e depois fácil, simples, minha. As placas indicando périphérique e centre ville pareciam simplesmente me levar para casa. E no banco ao lado, dirigindo um pouco tenso e muito cansado, alguém que me recebia como se estivéssemos sempre juntos. Depois veio o gosto de chá, brioche e geléia, o sol límpido e a cidade mais bonita do mundo me cumprimentando com um sorriso mudo, como se eu nunca a tivesse abandonado.

E depois veio muito sol, a torre linda linda linda, uma pane no carro e uma noite no meio do interior profundo da França. Muita tensão, um casamento de noiva serena e noivo doente, primos caindo na piscina e tios felizes se acabando na pista. Longos almoços com 3.500 pratos, muita cerimônia prá comer, cansaço, brigas e água azul azur, praia de pedrinhas que fazem um mal danado para os pés. Família, família, risadas e medos, como é que a gente vai fazer para não ser infeliz assim? Ameixas, abóboras, tomates, foie gras e um lago calmo numa cidade que não existe.

E também teve amigos que me ajudaram a ver as coisas como elas poderiam ser, mudar as lembranças e dar novos sentidos para as praças, os cafés, as ladeiras de paralelepípedo. Miró, sempre ali jogando vermelho na minha vida, mudando as coisas, mostrando sóis que nascem sorrindo. Fogos de artifício para iluminar as noites, chuva de granizo, ai!, um parque no bout du chemin e uma rua que nunca dorme, hey, mademoiselle! E aí eu fui feliz de não me aguentar e infeliz o suficiente para atravessar a Champs Elysées em prantos, soluçando alto de tristeza de estar triste em Paris. Mas é que a vida é feita de coisas reais, né, sua tonta, simplinha mesmo, e segue assim de qualquer jeito, como se ela fosse uma coisa qualquer, mesmo nos cenários de filme...

E de certeza mesmo, só aquele olhar, um abraço bom de não se sentir sozinha nunca mais, um desamparo tão igual ao meu e um pavor de se jogar, e se der errado, tudo de novo? E de exatidão, nada nada, além dessa sensação boa de conforto, como se eu nunca tivesse deixado aquele calor de tarde comprida, vento morno e mãos dadas.